ONE Friedman

Pessoas na internet e internet nas pessoas: a verdadeira transformação digital de resultados

Durante os últimos meses, enquanto vivenciamos o isolamento social, tivemos a oportunidade de assistir a dezenas de lives. Pudemos escutar personalidades, líderes e profissionais de diversos setores e especialidades e incorporar uma imensidade de conhecimentos que estavam por aí, mas eram difíceis de se alcançar com alta frequência. Um tema muito abordado nesses fóruns foi a aceleração da transformação digital nas empresas e na sociedade. Em poucos meses, as pessoas – sejam físicas, sejam corporativas – se desenvolveram no universo digital de maneira quase que imediata. Essa transformação mudou nossos hábitos e costumes e a internet democratizou e distribuiu conhecimento de maneira amplamente capilarizada e “barata”.

 

Conforme pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional para o Desenvolvimento de Estudos sobre a Sociedade da Informação (Cetic.br), realizada em 2019 e divulgada em maio desse ano, o Brasil tem 134 milhões de usuários de internet. Isso significa que três em cada quatro brasileiros já navegavam pela internet antes da pandemia. Esse número aumenta quando consideramos pessoas que usam a web para solicitar motoristas de aplicativo ou delivery de refeições.

 

À época, o site Convergência Digital publicou: “Nona economia do planeta, quarto país com mais usuários diários conectados à internet, o Brasil é o 54° no ranking da Organização das Nações Unidas na Pesquisa sobre Governo Eletrônico 2020. Embora longe do topo, a maior oferta de serviços públicos pela internet fez o País avançar e ser incluído pela primeira vez no grupo de alto índice de desenvolvimento em e-gov (ou EDGI).” Essa pesquisa nos demonstra que a inclusão digital vem se intensificando nas esferas governamentais e ampliando a cultura digital no País.

 

Outro diagnóstico de que o brasileiro está cada vez mais digital é o crescimento das matrículas em cursos de ensino superior na modalidade de Ensino à Distância (EAD). Levantamento da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), feito em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights, mostra que o número de novas matrículas na modalidade remota ultrapassou aquelas do presencial.


Reunindo os fatos acima – democratização do conhecimento em lives gratuitas cada vez mais frequentes, alta conectividade do brasileiro na internet, avanço do uso da internet na esfera governamental e aumento de matrículas em cursos EAD para qualificação profissional –, é natural que tenhamos a perspectiva de que as empresas aproveitaram a onda de investimentos em transformação digital para revolucionarem seus canais corporativos de Treinamento & Desenvolvimento. É o momento de se aproveitar “A internet nas pessoas” – amplo hábito de se conectar pela internet, principalmente pelos smartphones – para estimular a qualificação profissional.


O desafio é criar um ambiente digital com linguagem e ambiente estimulantes, espelhados nos aplicativos de uso massivo pelas pessoas em suas rotinas de vida pessoal. Os modelos tradicionais de EAD perderão espaço para aplicativos mais dinâmicos que usem micro-learnings (treinamentos rápidos e focados em uma única mensagem de aprendizado simples), social learning (redes sociais corporativas onde os participantes trocam experiências e conhecimento para contribuírem uns com os outros no desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes), gamification (ambiente lúdico e competitivo, onde os profissionais aprendem brincando e buscam melhores desempenhos nas atividades de aprendizagem para ganharem pontos e/ou prêmios). São diversos conceitos e ferramentas disponíveis para que as empresas superem o desafio de engajar seus profissionais em processos de aprendizagem contínua.


Considerando que o “Novo Mundo” exige que as equipes tenham novas competências, que utilizem ferramentas digitais para se comunicar internamente – e, principalmente, com os clientes – e que os custos das tecnologias vêm ficando cada vez mais acessíveis, espera-se que as empresas estejam investindo em “novos modelos disruptivos e inteligentes” de capacitação, qualificação e desenvolvimento de seus profissionais. A única dúvida que ainda paira no ar é: será que ainda existem empresários que enxergam treinamento como custo? Infelizmente, a resposta é sim!


Ainda escutamos líderes de empresa questionando se deve ser permitido usar o smartphone durante a jornada de trabalho. Como estimular o aprendizado pelo principal canal de conexão com o universo digital, se o uso do smartphone não é incentivado? Como estimular as equipes a acessarem os aplicativos de aprendizagem se a banda larga da loja não pode ser compartilhada pelos membros da equipe? Essas barreiras precisam ser derrubadas para que a cultura digital permeie as rotinas e atividades das equipes.


Temos um segundo e forte desafio: como calcular o RST (Retorno Sobre Treinamento). O mundo digital facilitou essa tarefa. Com ERPs e BIs cada vez mais poderosos, fica mais fácil cruzar dados de ações ou campanhas de treinamento digital com os indicadores de desempenho de cada profissional da equipe. Os jovens cientistas da computação certamente terão uma solução simples, de fácil implementação e baixo custo para integrar informações digitais, de treinamento e de desempenho. Certamente, vencendo esse desafio, ficará claro que treinamento é investimento – e de alto retorno!


A hora é de usar “As pessoas na internet” – a ampla capacidade de se alcançar pessoas que estão se comunicando pela internet. Aqui, temos duas frentes a serem exploradas: qualificar a equipe que está conectada na internet e fazer a equipe se comunicar com os clientes que estão “pendurados” na web. No início do artigo, falamos sobre a aceleração da transformação digital, mas será que essa transformação também é intensa no desenvolvimento de uma cultura de atuação digital das equipes?